segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Coincidências.

Lembro-me bem do começo de tudo. Era fim de tarde, devorávamos um delicioso sorvete de chocolate enquanto escolhíamos os personagens para o nosso filme. Para a mulher, eu não abria mão de Scarlett. Para o ator principal ele queria Owen. Numa época em que este nem sonhava em ser o Clive de hoje. Seria um épico, uma história inteligente. Como nós. Disse-me ele, enroscando seu indicador numa mecha do meu cabelo. A atmosfera era sempre leve, apesar dos pesares. Pena que naquele tempo meu coração já não tinha mais vontade própria. E não cogitava outra opção. O roteiro não chegou nem na metade, não deu tempo de escolhermos todos os coadjuvantes.

Uma obra inacabada.

E, depois de tantos anos, lembrei dele ao ver seu sorriso estampado num rosto feminino. Só pode ser a irmã, que nunca cheguei a conhecer. Quarenta minutos após essa reflexão atendo um número desconhecido no celular. Ouvi meu nome sendo chamado, e não o apelido de antigamente. Mas, mesmo assim, aquela voz não poderia ser de mais ninguém. Sonhei com você. Está tudo bem? Após eu responder que sim, que está tudo na sua mais perfeita ordem, ele desligou, sem maiores delongas. Sem nem ouvir que naquele dia, havia poucos minutos, eu tinha sorrido sozinha, na loja de cortinas, lembrando da urgência que vivemos.

Vai ser bom, não foi?

2 comentários:

Joka SSJ disse...

Já deu a espiadinha para trás? Então volta a olhar para frente! Te amo demais.

Preta disse...

Eita,lembrei da musica "Tudo que morre fica vivo na lembrança...como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça"
Ai Tchuca.